A bolsa de couro falso, velha e vermelha, com seu zíper
arrebentado permitindo que qualquer olhar passante encontre com seus tesouros; esquecida
sobre uma das mesas do pequeno restaurante, sobre a toalha que algum dia –
talvez quando os tempos eram outros – fora branca.
A pequena imagem imóvel em frente ao espelho embolorado; a
mão esquerda sobre os lábios rosados; os olhos inexpressivos, fixos ao reflexo que
os encara, fixos aquele rosto sem dono, aquela alma sem corpo.
A caixinha de música sobre a penteadeira, com sua doce
melodia nunca tocada; com sua frágil bailarina esperando eternamente pelo
momento de dançar; trancafiando em seu interior aveludado, os inocentes sonhos
de sua criança.
Os cigarros sobre a pilha de livros no criado-mudo; o toca-discos
sem agulha; o relógio sem o ponteiro das horas; a máquina de escrever com letras
apagadas; a dama da noite que nunca foi amada.
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