segunda-feira, 11 de março de 2013
Últimas dez noites de verão. Últimas nove manhãs de sol. Últimas dez tardes que duram mais do que o esperado.
Últimas horas para tirar a areia do sapato, para vestir a saia rodada, para brincar de amarelinha na calçada.
Últimos cem beijos roubados. Últimos cachos presos em um coque desajeitado. Últimos segredos confiados à estrela mais distante.
Últimas trinta xícaras em que o café mantém a temperatura até o fim. Últimos banhos gelados. Últimos ombros expostos. Últimos piqueniques no gramado.
Últimas manhãs vestindo camisa e calcinha na cozinha. Últimos segundos sentindo a ponta dos dedos ao lavar a louça. Últimos chás da tarde cancelados pelo calor. Últimas viagens com vento no rosto. Últimas canções de amor no rádio.
Últimas horas para um amor de verão. Últimos dias para sequestrar os raios sol, para mantê-los em um pequeno jarro com tampa, fazendo com que desfaçam e aqueçam as dores que guardam os corações de outono, os vazios que despertam ao cobrirem o quintal com as folhas secas.
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