sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Perguntei seu nome enquanto ela vestia a calcinha por baixo da saia vermelha de couro falso. Demorou para responder, calçando as botas negras de cano mole até metade da coxa bronzeada. Levantou o corpo, fitando sua aparência no enorme espelho a sua frente. Tirou da bolsa pequena e marrom, que outrora chamara minha atenção na movimentada avenida, um frasco azulado em formato de uva, o abriu e raspou a ponta do indicador no conteúdo rosado e gasto. Levou o dedo à boca, dando palmadinhas leves nos lábios.
- Lo-la. - Disse levantando a língua em dois enormes saltos até o céu de sua intocável boca. - Pode  me chamar de Lola. - E saiu, deixando no ar do quarto de motel apenas a sombra de seu sorriso safado e triste, o eco abafado da porta que batera, e o aroma de outros homens. 

Um comentário: