sexta-feira, 1 de julho de 2011

  Escrevo de um pequeno café de uma dessas ruas frias e cheias de Berlim, ruas que você conhece tão bem. Visto seu casaco negro e sua fina camisola de seda marfim. Meus lábios, como eram os seus na manhã em que te conheci, trazem camadas tortas de batom vermelho, e meus olhos, como os seus costumavam ficar, estão escondidos por trás de negra tinta.
Tenho, pouco a pouco, me tornado tão você que esqueço que existo, que preciso calçar sapatos para andar pelas ruas, que devo pagar a conta antes de sair dos bares, que devo fumar menos e comer mais. Ando sendo tão você que esqueço da realidade, de você sentada ao piano de seu chalé no interior da Inglaterra, de seu corpo pálido e gélido sob a água morna da banheira. Esqueço de todas as vezes que morremos, uma dentro da outra, como se cavássemos buracos a procura de espaço.

(Realmente não lembro se já postei)

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