sábado, 19 de março de 2011


 Certa vez me disseram que as pessoas nascem vazias. Nascem como livros sem frases, sem páginas, sem histórias. E que aos poucos, com o passar dos anos, as folhas são preenchidas, e os vazios desaparecem. Mas agora, com o passar leve dos anos, cheguei à conclusão de que nasci cheia, cheia de contos, cheia de frases, de páginas, de linhas e ilustrações. E que, aos poucos, enquanto via o mundo completando suas páginas, eu destruía uma a uma as folhas de meus livros, queimava as ilustrações, e apagava as histórias. Aos poucos me tornei vazia, sobrando apenas a capa dura de couro e a folha de rosto em branco.

2 comentários: