quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Estou pulando do décimo quinto andar, não há ninguém lá embaixo. Não deixei nenhum aviso, não liguei para ninguém. Na verdade, não planejei nada disso. Apenas percebi agora, que me meus pés estão enroscados na grade da sacada, e meus braços estão abertos, esperando que algum movimento, talvez o vento, me derrube.
Vou me deixar afundar, não me salve. Quero sentir o ar e as imagens passando rápido por mim, enquanto a gravidade me puxa, enquanto minha mente passa um vídeo de toda minha vida, ou talvez não passe nada, talvez fique aquele vazio de sala de esperas. E eu não vou parar, não vou me deixar ser salva, até que meus pés toquem o chão. Até que meu corpo se espatife contra o concreto da calçada, ou talvez o asfalto ainda quente. Até que eu não veja mais nada, não sinta mais nada, não pense em mais nada. Até que acabe. Mas antes disso, verei o fundo desse poço que chamo vida. Talvez a queda não seja tão grande, talvez eu esteja mais perto do fundo do que da superfície.

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