sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Ando meio morta. Ou talvez esse não seja o termo adequado. Ando meio viva. Tenho sentido as coisas pela metade, com menor intensidade, e às vezes, nem sequer sinto algo. Tenho visto o mundo de forma embaçada, em slown motion, com olhos cansados. Tenho sentido falta de sentir falta de ar, falta de sede, falta de fome, falta de qualquer coisa que me faça mais viva, ou menos morta.
Tenho dormido menos, sonhado menos ainda. Tenho consumido mais cigarros, mais xícaras de café. Tenho feito pausas pelo meio do caminho, não como vírgulas em um texto, mas como pontos finais. Pontos finais que não indicam fim algum, antes indicassem.
Meus passos estão ficando menores, meu corpo mais encolhido. Meus músculos parecem estar se unindo, meus ossos me dobrando, como quem dobra uma folha de papel. Talvez, daqui uns dias, algum de vocês venha a me receber dentro de um envelope, como quem recebe a conta de luz, a carta de amor pela qual tanto espera. De amor não terá nada, de sentimentos não terá nada. Nem sequer a abra, apenas a queime.
Já ando meio viva, meio morta, que diferença faz queimar?

Um comentário:

  1. "Tenho sentido falta de sentir falta de ar, falta de sede, falta de fome, falta de qualquer coisa que me faça mais viva, ou menos morta."
    Morta ou viva? Difícil decisão. Difícil saber. Difícil decidir qual é a melhor descrição.
    Eu vim até o seu blog porque precisava ler alguma palavra sua. Precisava das suas palavras. E me surpreendi ao ver que você que escreveu meus sentimentos com exatidão nessa postagem.

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