sábado, 8 de maio de 2010

Seus braços deveriam estar envolvendo minha cintura, minhas mãos deveriam estar redescobrindo seu rosto, seus traços perfeitos. Suas malas de viagens deveriam estar por toda parte de um quarto de hotel barato que alugamos para despistar qualquer curioso.
Seus finos dedos deveriam estar secando minhas lágrimas, e meus finos lábios deveriam estar se contraindo em um sorriso estranho, algo que falasse “Como estou chorando? Estou no melhor lugar do mundo. No lugar certo, eu diria”.
Eu deveria olhar em seus lindos olhos castanhos, às vezes claros, às vezes escuros, e pensar em todo tempo em que não tive por perto, em que tudo isso não passava de um sonho bom demais para ser sonhado.
Eu deveria agarrar-me ao seu pescoço, deixando minhas mãos acariciarem sua tatuagem na nuca. E pensar em como eu tinha sorte, em como você era bobo por usar toda aquela maquiagem, você é tão mais perfeito sem ela. Se bem que perfeição é perfeição, não existe mais ou menos, mas você não é algo comum, muito menos normal, então as regras podem ser quebradas. Você é ainda mais perfeito do que meus olhos me deixam ver.
Eu deveria fazer tantas coisas, mas elas só seriam possíveis se a primeira delas fosse real. “Seus braços deveriam estar envolvendo minha cintura”. Mas seus braços, e todo o resto de seu corpo, estão em outro lugar, com outras pessoas e outros pensamentos. Você não tem consciência de minha existência, muito menos de meus sentimentos. Você apenas está olhando para a janela do ônibus de sua banda, e pensando em alguém que deveria se aproximar.

“One hearbeat lost in the crowd. Is there anybody shoutin', what no one can hear.
Is there anybody drownin', pulled down by the fear. I feel you, don't look away!
Zoom into me. I know you're scared. When you can't breath, I will be there”.

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