Segunda-feira, onze de maio de dois mil e quinze. Oito horas e quatorze minutos. Vento gelado e úmido contra meu rosto. Pele rosada e lábios roxos.
Encontrei Konstantine no silêncio das maquinarias humanas que iniciam a semana trabalhando preguiçosas no ar sonolento dos dias que não amanhecem. Seus cabelos ruivos enozados em um coque torto, seus lábios vestindo resquícios da vermelha tinta que lhe deram cor durante a madrugada que finge ter fim.
Entre sua mãos macias e pequenas apertava o maço úmido de cigarros sabor cereja e o isqueiro dourado com suas inicias gravadas. Seu pescoço revelava, por entre os pequenos espaços de sua manta azul escura, as marcas dos amores que iniciaram para não durar.
Konstantine olhou em minha direção. Ela me viu. Meus olhos negros encontraram com seus olhos verdes pela primeira vez em anos. Seus olhos sorriram marotos um sorriso que seus lábios não saberiam vestir. Seus olhos guardavam rastros do amor que sua boca não soube dizer, que seu corpo não soube suportar. que não coube no espaço entre nós.
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