terça-feira, 21 de junho de 2011

Naquela época, há dez anos atrás, ele costumava finalizar todas suas frases. Aos domingos ele levantava cedo e a acordava com café e biscoitos de aveia.
Naquela época ninguém sabia diferenciar seus cheiros, traziam no corpo o mesmo aroma: uma mistura dos livros mofados e chás amargos dela com os cigarros baratos e os carros velhos dele.
Naquela época ela sorria com os cabelos desgrenhados dele, com suas olheiras profundas, com suas cicatrizes nos braços e pernas, com seu sorriso amarelo e torto.
Naquela época ele rabiscava esboços de seu rosto rosado, de seus olhos esverdeados, de sua boca generosa, de suas curvas suaves.
Naquela época, há dez anos atrás, nenhum dos dois sabia sobre solidão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário