domingo, 7 de novembro de 2010

Sentada atrás dessa vidraça embaçada pelo ar morno que escapa de minha boca, e engordurada por meus dedos que tantas vezes tocaram o vidro em busca de algo que possa ser sentido, tenho observado tudo e todos que passam por essa rua estreita e cinza. Tenho passado os dias sem sentir nada, apenas seguido os trilhos, sendo levada pelas mãos que me puxam, por pessoas que me alimentam, contam algo e sorriem com minha reação falsa.
Tenho pensado em nada quase o tempo todo, e no resto do tempo tenho tentado não pensar em nada. Tenho engolido esses biscoitos como se não fosse difícil pra mim, tenho agarrado esses braços e deixado que eles me guiem pelos dias, enquanto os dias passam, enquanto a vida passa, e minha alma fica aqui, inerte atrás da vidraça.

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