segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Você disse que me amava, e eu pensei que deveria dizer o mesmo. Porque eu te amo, porque é você que eu encontro preso em minhas retinas, porque eu procuro seu cheiro em minhas roupas, procuro seu calor em minhas manhãs, seus defeitos em minhas noites, seu olhos azuis em meus sonhos, seu cabelos desgrenhados durante as madrugadas que passo em claro. E te amar vai contra todas as coisas que eu inventei sobre mim.
Eu deveria ter um vazio, não sorrisos infantis e abraços apertados. Eu deveria ter todas essas dores corroendo meu interior, e não suas mãos percorrendo meu rosto. Eu deveria passar as noites em claro pensando em todos que estão alegres, em todas as festas, em todos bares cheios, em todos casais assistindo filmes românticos, e não estar aninhada em seus braços. Eu deveria me lamentar por viver, e não acordar alegre porque sonhei com você. Eu sou o drama, a farsa, o monstro, a dor, o sujo, o tosco, a luz fosca, o cigarro barato e o café morno. As noites de temporal e pesadelos.
Acostumei com o inferno, me sinto confortável com minha dor, com a minha espera de algo que melhore, e que quando o algo chega para melhorar, decido que ainda não é hora, talvez mais tarde, talvez amanhã, talvez algum dia, quem sabe? Sinto-me bem com o banco de espera, com os pés batendo na calçada, com a vida passando e meus olhos perdendo as imagens. Sinto-me bem em não te ter, pois te tendo me sinto tão bem que não sei se posso suportar.

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