quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Encontre-me encostada em uma dessas paredes mofadas, nessas cadeiras de metal sujo, rabiscando palavras que me sufocam como se mãos tivessem meu pescoço por entre os dedos.
Encontre-me molhando os lábios com café amargo, respirando fumaça, cantando canções em suspiros, e esperando que ninguém se aproxime, que ninguém note as lágrimas que umedecem as maças de meu rosto, ou a forma como meus dentes se chocam em gemidos baixos.
Encontre-me na penumbra, entre o casal sentado à janela, que se abraça moldando seus corpos à figura de um ser só, e os homens de odor forte, barba por fazer, e riso nojento.
Encontre-me encontrando os olhos dela, sentada do outro lado do café, onde também não há luz. Com os mesmos papéis e livros espalhados pela mesa de metal enferrujado, com os lábios também queimados, e com as bochechas da mesma forma úmidas de negra tinta.
Encontre-me levantando, pagando a conta, e esperando que um dia a encontre, no mesmo café, sem os vazios de nossos peitos.

Um comentário: