terça-feira, 13 de julho de 2010

Diluída na multidão, entre partidas, chegadas e passos sem sentido, entre corações quebrados, corações reconstruídos e corações intactos, ela apenas dançava. Em passos descompassados, entre tropeços e esbarrões, seu corpo se movia e dançava uma melodia cuspida, arranhada, intrigante e doentia.
Não se movia com precisão, seus pés balançavam de forma torta, errada, estranha. Sua cintura mexia, não acompanhando o corpo, mas lutando contra todo o resto de si. Vomitava sua raiva, cuspia sua dor, gritava seus medos, e chorava seu amor. Não queria fazer parte da multidão, nem fazer da sala de espera de um consultório, nem de um quarto imundo, escuro e que fedesse a cafeína. Não queria existir, não queria sentir, não queria lembrar, queria dançar e deixar que a melodia arrancasse dela o que suas mãos não podiam arrancar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário