terça-feira, 20 de julho de 2010

As mãos frias, os olhos úmidos, os cabelos desgrenhados, as bochechas rosadas e os lábios rachados escondiam um peito inflado e uma mente dispersa. Apressava o passo, diminuía ao perceber que apressou. Não sabia se devia andar rápido para chegar a tempo, ou devagar pra não chegar antes. Queria chegar exatamente quando ele abrisse o portão, e seus lábios finos se contraíssem em um sorriso tímido, doce, a cumprimentando com um abraço quente.
Ela se prenderia no abraço, esperando que durasse mais do que ontem, esperando que pudesse guardar a sensação macia dos casacos dele por mais tempo. Fariam a mesma pergunta, ao mesmo tempo.
- Oi, tudo bem?
Nenhum dos dois responderia, e continuariam o assunto de onde haviam parado outro dia. Ela se pergunta se está rindo estranho, se a voz está saindo rouca, se falou bobagens. Não quer afastá-lo, mas sente que com cada palavra gasta mais o pouco tempo que tem. Não quer perdê-lo, mas sente que a cada segundo ele está mais longe. Não quer admitir que tem medo de admitir que sente o mesmo, assim como tem medo de admitir tarde demais.
Admiti então, e se questiona se irá mudar de opinião, sabe que não vai, mas teme que mude. Se sente boba, jovem, viva, infantil, amando, amada, feliz. De uma forma estranha, nova, boa, sente que o tem, que não irá o perder, porque ele precisa dela tanto quanto ela precisa dele. Nós, como ela mesma diria.

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