sexta-feira, 11 de junho de 2010

Prendo um cigarro aos lábios, procuro um isqueiro. Pronuncio isqueiro em voz baixa, puxando o som do s exatamente como ela fazia. Meu plano era óbvio, passaria a madrugada procurando defeitos e razões para deitar na cama e deixar meus olhos pararem com os choques entre umidade e luz. Encontro o isqueiro.
Encosto-me aos travesseiros, levo a xícara de café aos lábios. Observo meu quarto, as paredes, o chão, as cartas ao lado da cama, os livros e meu reflexo no espelho. As coisas haviam mudado, de uma forma óbvia e dolorosa. E continuariam mudando, porque embora algo dentro de mim diga que estou chegando ao fim da vida, o meu exterior mostra o contrário, demonstrando uma adolescência saudável e problemática, como a de todos os outros. Seria aquilo amor? Seria essa dor incessante no peito, amor? Puro, doentio, grosseiro e eterno? Eu não sei, diga-me se você souber.
Levanto em um salto, sentando ao pé da cama.
- Você nem é tudo isso. Seu abraço não deve ser tão confortável quanto eu espero, assim como seus lábios não devem ser tão doces e quentes. Seu corpo deve ter defeitos nas curvas, e seu rosto a meia luz não deve ser tão atraente quanto eu imagino. Você não é perfeita, e eu sei disso. Então, por que eu não concordo? Por que eu ainda me importo com a droga da sua vida? Eu deveria simplesmente... Esquecer.
Esfrego os olhos, procurando sono, procurando olhos secos e encontrando molhados. Rio. Para quem é esse drama todo? De que serve se não para complicar mais as coisas? Mas se não for a falta, se não for a dor, o que eu teria pra contar? Não sei, responda-me você. Garota estúpida! Eu ainda amo você.

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