segunda-feira, 21 de junho de 2010

Meu.

06 horas. Nenhum som, um vago sentimento de consciência da realidade, um amargo cheiro de café, um doce cheiro de manhã, um cheiro frio de inverno, um cheiro quente de lenha queimando, e um cheiro novo. Apalpo as cobertas. Aquele cheiro era conhecido, ou talvez não conhecido mas um cheiro que eu imaginei sentir um dia. Sem precisão, com base em uma imagem e um som criei um cheiro para ele. Eu diria que naquela manhã era ainda melhor.
Escuto uma respiração nova, um mover de corpo ao meu lado. Seria aquilo mais um de meus sonhos que teimam em camuflar-se na realidade? De qualquer forma, eu não deveria me entregar ao sonho, não tão facilmente. Já conseguia lembrar o quanto doía perder aquilo em um dispertar.
Levanto da cama. Ligando as luzes da casa e preparando meu café. Como se nada, nada estivesse fora do normal. Duas fatias de pão. Duas passadas de mel em cada uma. Uma caneca de água. Duas colheres de café. Sento-me e ligo o noticiário. Nada de bom. As mesmas tragédias ridículas repetindo-se todos os dias em um círculo vicioso.
Sinto o perfume mais uma vez, mais forte e hipnotizante. Sinto seus braços agarrarem minha cintura, sua mão direita roubar uma fatia pingando mel, e a esquerda roubar-me a xícara de café.
-Bom dia, amor. - Afirmou ao mastigar de boca aberta.
Fechei os olhos. Seria aquilo verdade? Abri de novo, e disfarçadamente apertei meu braço, em um beliscão forte. Pela primeira vez doeu. Levantei meu olhar para você, contendo algumas lágrimas causadas pelo grito abafado de uma dor que costumava não existir. Você era real. Você realmente estava ali.
- B-Bill. Bom dia. - Continuei o fitando, até que seus olhos se fecharam, seu nariz se enrugou e seus lábios se contrariam no sorriso mais lindo de todo mundo. Aquele rosto, aquela pele, aquele corpo, aquela voz, eram meus também? Não só seus, ou de outra pessoa, mas meus? Sorri de volta.
- Você está linda essa manhã. - Disse, passando as mãos por meu cabelo, arrumando-os afetuosamente. - Bagunçada, linda e atrasada.
- Atrasada para o que? - Ri baixo.
- Você realmente acha que eu vou deixar você intorremper sua rotina por causa de mim? Não, não mesmo. Corra para o banho, eu separo seu material e uniforme. - Continuei o observando, sorrindo bobamente com seu ar mandão. - Vamos, vá para o banho.
- Em primeiro lugar, você arrumaria tudo errado. Meus cadernos são em português. - Ri um pouco mais alto. - E em segundo lugar, não irei a lugar nenhum. Eu ficarei aqui, com você. - Coloquei a xícara em qualquer lugar longe de mim, desligando a televisão e virando-me para ele. - Você realmente está aqui? Eu não vou acordar daqui a pouco e não te sentir mais? - E antes que pudesse pensar, e antes que pudesse desejar, seus braços puxaram-me para perto, apertando-me contra seu corpo, suas mãos puxaram meu rosto, encontrando seus lábios em meus lábios. Frio e quente. Não sei qual era frio, não sei qual era quente. Eu e você. Nós, parece correto.
Você estava ali. Não sei por quanto tempo. Nem me importava com o tempo, eu só conseguia desejar sentir. Sentir você, você perto de mim. Meu Bill.

You and me. Now and here. Forever.

4 comentários:

  1. vitoria pra paixão conquistada ;)
    super bem escrito, mesmo.. é da fic ou só ideias? ><
    senti o sorriso do alivio quando se descobre que não é sonho..queria ter uma manhã assim..

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  2. eu tambem queria uma manha dessas. foi parecido com o meu sonho-de-olhos-abertos-com-a-may. heuhaushaush eu chorei *--* você escreve muito , may , MUITO .

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  3. Você escreve muito bem e sabe usar bem as palavras. Parabéns.

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  4. perfeito! é muito frustrante acordar e ver que nada daquilo era real. daria qualquer coisa pra algum dia não sentir isso, de fato.

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