sexta-feira, 11 de junho de 2010

Fecho os olhos enquanto o vento úmido leva de mim a pouca beleza, destrói meus cabelos, revelando ondas indesejadas. Algumas grossas gotas de chuva molham meus calçados, casaco e rosto. Suspiro, era por isso que eu esperava. Chuva que não deveria existir. A temperatura pede por neve, então por que apenas chove?
Dou giros leves enquanto caminho cantando alguma canção que não existe, simplesmente para cuspir palavras freneticamente. Penso nela, como todas vezes. Estaríamos rindo, trocando olhares depois que cada pessoa passasse por nós, nos abraçando e rindo da tragédia que tomaram nossos cabelos e rosto. Ela diria que eu continuava linda para ela, e eu responderia que não mais do que ela. Correríamos o resto do caminho, de mãos dadas. E então ela me empurraria contra a parede logo que abrisse o portão, roubaria um beijo rápido e gelado, deixando em meus lábios seu gosto de cereja. Pegaria as chaves de minha mão, sorriria ao me ver paralisada, respirando fracamente, ainda escorada na mesma parede, com as mãos nos lábios. Riria alto, segurando minhas mãos e me puxando para dentro.
"Está frio, vamos!" Me empurraria para o sofá, e riria de como deixo-me ser guiada por ela. A força externa, que eu sempre espero. Agora que a força já se foi, e ninguém me empurra contra as paredes, me puxa pelas mãos, continuo paralisada na parede, esperando algo acontecer. Qualquer coisa. Simplesmente não quero procurar outra vez. Nada se compara ela.

Um comentário:

  1. Cativante suas palavras, já disse isso, há.
    Mas amo seu blog e seu talento *-*

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