terça-feira, 1 de junho de 2010

E esse amor invetando, sentido ao máximo, mas jamais visto ou explicado, me move todos os dias. Aquele tipo de amor que você vira o frasco pensando que vai ingerir todo amor de uma vez, pensando se arrepender por não deixar nada pra depois, em um gole rápido e sufocado.
Mas de uma gota que você esquece de tomar, aquela gota que o fundo não deixa se separar do frasco, daquela gota renasce um vidro totalmente novo. Da noite para o dia, do dia para a noite.
Amor, até o último atômo que forma minha matéria.
Levanto da cama, em um golpe rápido. Odeio interromper os sonhos em que tudo está em seu devido lugar. Você, sua voz e seu sotaque alemão me impedindo de fazer bobagens. Você, seus olhos castanhos esverdeados e seu sorriso infantil fazendo meu corpo se retorcer em uma overdose de sentimentos doces. Você e eu. Bill e May. Nós. Um par, um casal, uma dupla. Juntos, não sozinhos. Presos um ao outro por um fio invisível e impossível de ser rasgado, partido.
Arrasto-me até a cozinha. Amo manhãs. Amo o cheiro de dia novo, amo o cheiro de lenha queimando, o cheiro de chuva, de inverno, de roupas úmidas, de banheiro mofando, de madeira molhada e inchada, cheiro de café recém passado, de pães quentes e mel. Mas o que eu mais amo nas manhãs é intocável, e é imaginário. A solidão da manhã me deixa sentir sua presença com mais facilidade, talvez porque eu procure algum motivo suficientemente bom para me manter acordada até o fim do dia. E que motivo melhor do que você?
Fecho os olhos e abro a porta do quintal, deixando o vento gelado queimar minhas bochechas, e a grama úmida molhar minhas pantufas. Enxergo você a minha frente em poucos segundos, empurrando-me para dentro de casa. "Já disse para não ficar aqui fora de manhã. Está frio, muito frio. Volte para dentro, vá se arrumar, a escola começa daqui a pouco e você está ai parada?" Sorrio e contorno sua cintura, eu não iria a lugar algum.

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