quinta-feira, 1 de abril de 2010

B


Seus braços estavam ao redor de meu corpo, me protegendo de alguma coisa que certamente não existia. Sentia sua respiração perto de meu cabelo, seus lábios tocando meu ombro. Era uma noite tão fria e escura.
Eu queria me virar e dizer o quanto o amava, o quanto estava feliz por tê-lo por perto, o quanto eu não acreditava que isso fosse possível, mas a última vez em que eu havia dito isso você revirou seus lindos olhos castanhos e sorriu, em uma mistura de tédio e humor irônico. Como eu adoro seu sorriso, tão reconfortante, tão doce e verdadeiro, até mesmo quando você não quer sorrir.
De todos os seus sorrisos, o meu preferido é o tímido. Aquele sorriso que deixa suas bochechas rosadas, e seus olhos brilhando delicadamente. Eu poderia ficar a vida inteira tentando descrever o quanto eu amo seu sorriso assim. E ainda assim faltariam algumas partes da descrição. Eu não sei escrever sobre você, sobre as razões que fazem meu coração apertar, literalmente, quando penso em você, ou quando escuto sua voz perto de meu ouvido.
E então, como se estivesse acordando de um sono profundo, você se levantou, parou na minha frente e me ergueu. Eu odeio sua estatura, você sabe disso. Roubou-me um beijo e me puxou para a grama suja de neve, aquela camada fina de neve que mal começou a prender ao chão. Ficamos contando estrelas. Certo, você contou estrelas, eu fiquei olhando você contar. Mas as estrelas eram poucas, as nuvens cobriam praticamente todas, e você parecia entediado ao contá-las. Estávamos ambos interessados com a respiração e sorriso alheio, ambos absortos em pensamentos que iam desde maneiras pra não esquecer aquele momento nunca até como se aproximar mais sem fazer barulho.
E então eu senti sua imagem se afastar de mim, você se afastar de mim, e percebi que o sonho acabou. Eram seis e quinze da manhã, e a minha rotina incrivelmente comum começava novamente. Mas ainda doce, porque eu ainda tenho um pedaço de você todos os dias comigo. Sua voz no velho rádio relógio ao lado da cama. Você estava me acordando.

Um comentário:

  1. que fique claro, morri.
    cara que coisa mais linda MAAAAY, e o mais dolorido é imaginar você e o bill abraçados mano,LINDODEMAISVEEEEIOO.
    morri.

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